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Cultura de Moçambique

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Mensagem  Nambuangongo Dom Jan 23, 2011 6:24 am

A cultura Moçambicana, como a cultura africana em geral, continua a ser apenas associada à arte tradicional. Trata-se de uma falsa ideia que muito tem contribuído para desvalorizar os seus criadores e intérpretes contemporâneos.

Ninguém fica indiferente aos nomes de Bertina Lopes, Malangatana, José Craveirinha e de Mia Couto. Reconhecidos internacionalmente levam a cultura moçambicana aos quatro cantos do mundo .

Cultura Contemporânea.


Arquitetos

Moçambique, sobretudo no período colonial, produziu excelentes obras de arquitetura, acompanhando o que melhor se fazia no mundo. Entre esses arquitetos, destacam-se Amâncio de Alpoim Guedes, Guerizo do Carmo, Quirino da Fonseca, Miranda Guedes e outros.


Pintores


Malangata, tornou-se a partir dos anos 60, um nome de projeção internacional. É dos mais reconhecidos artistas moçambicanos e já experimentou várias áreas, como pintura, desenho, aguarela, gravura, cerâmica, tapeçaria, escultura, mural. Mas a pintura moçambicana não se fica por aqui. A título de exemplo, destaquemos Ângelo de Sousa, Bertina Lopes,João Aires, João de Paulo, Sérgio Guerra, Rui Calçada Bastos entre muitos outros.

Bertina Lopes já expôs na Fundação Gulbenkian, em Portugal, no Luxemburgo, Espanha, Moçambique, Angola e Cabo Verde.


Escritores

Mia Couto é hoje o nome mais sonante das literatura moçambicana. Entre outros nomes, lembremos Rodrigues Júnior, Guilherme de Melo, Luís Bernardo Honwana, Correia de Matos, Orlando Mendes, Ungulani Ba Ka Klosa e muitos outros.


Poetas

José Craveirinha e Rui Knopfli são incontestavelmente os mais conhecidos, mas não nos podemos esquecer de Alberto Lacerda, Reinaldo Ferreira.

Moçambique é reconhecido pelos seus artistas plásticos: escultores (principalmente da etnia Maconde) e pintores (inclusive em tecido, técnica batik). A música vocal moçambicana também impressiona os visitantes. Em 2005, a Unesco reconheceu a timbila chope como um instrumento do património da humanidade. A timbila é um instrumento de percussão utilizado pela etnia chope, da província de Gaza, sul de Moçambique.
A escultura dos macondes, no norte de Moçambique é uma das artes tradicionais mais conhecidas. São de origem ética bantu e habitam uma vasta região da África Oriental. O vale do Rio Rovuma, corta o planalto maconde que se estende do norte de Moçambique ao sul da Tanzânia. Os macondes são um povo de agricultores instalados numa região árida, os seus escultores trabalham a madeira desde tempos remotos. O ébano é o material mais utilizado.

O que podemos saber sobre os nomes mais conhecidos do cenário cultural moçambicano:

Mia Couto nasceu na cidade da Beira, em 1955. António Emílio Leite Couto ganhou o nome Mia do irmãozinho que não conseguia dizer "Emílio". Segundo o próprio autor a utilização deste apelido tem a ver com a sua paixão pelos gatos e desde pequeno dizia à sua família que queria ser um deles.

Uma vez disse que não tinha uma "terra-mãe" , mas uma "água-mãe", referindo-se à tendência da cidade baixa (Beira) e localizada à beira do Oceano Índico para ficar inundada.

Iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que se iniciava no jornalismo e abandonou aquele curso para se dedicar a tempo inteiro à segunda ocupação. Foi diretor da Agência de Informação de Moçambique e mais tarde tirou o curso de Biologia, profissão que exerce até agora.

Estreou-se no prelo com um livro de Poesia - "Raiz de Orvalho", publicado em 1983. Mas já antes tinha tido uma antologia feita para si por outro dos grandes poetas moçambicanos, Orlando Mendes (outro biólogo), em 1980, numa edição do Instituto Nacional do Livro e do Disco, resultante duma palestra na Organização Nacional dos Jornalistas (actual Sindicato), intitulada "Sobre Literatura Moçambicana".

Em 1999, a Editorial Caminho (que publica em Portugal as obras de Mia) relançou "Raiz de Orvalho" e outros poemas que, em 2001 teve sua 3ª edição.

Entre contos, romances e crónicas o escritor tem muitas obras traduzidas em alemão, francês, inglês e italiano. Em 1999, Mia Couto recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra. Em 2007 recebeu o Prémio União Latina de Literaturas Românicas.

Sobre Bertina Lopes podemos citar um texto da jornalista italiana Paola Rolleta: "Na história da pintura, muitas vezes o seu nome é posto ao lado da mexicana e grande artista, Frida Khalo. Duas vidas certamente diferentes, mas com traços comuns muito fortes, e sobretudo com qualidades pictóricas e humanas muito peculiares".

"A artista luso-moçambicana que vive há quarenta anos em Roma, com Franco, seu marido italiano proibiu-nos de chamá-la apenas moçambicana. Não quer. ‘Nas minhas veias corre sangue português, do meu pai, e sangue africano, da minha mãe. Desde sempre queria que todos me chamassem luso-moçambicana, só nos últimos anos consegui ter reconhecido esse meu direito', afirma com um brilho malandro nos olhos negros marcados com uma linha de kajal".

Os amigos chamam-lhe Mama B, "porque nela está corporizado o mito e a essência do nosso ser colectivo, o modelo e exemplo a seguir pelas novas gerações, a fonte inesgotável de inspiração nos nossos esforços de reconstrução e desenvolvimento nacional, de consolidação da tolerância e reconciliação, de trabalho árduo por um futuro melhor, em que estejam garantidos o pão, a paz, a harmonia e o bem-estar para todos." Palavras de Joaquim Chissano, antigo presidente de Moçambique. A senhora natural de Maputo é, segundo Malangatana, mãe e pai das artes plásticas moçambicanas. Estudou Belas Artes em Lisboa e deu aulas de desenho no tempo de José Craveirinha.

In Savana, 27.01.2006



Valente Nguenha ou melhor Malangatana nasceu em Matalana, Maputo, em 1936. Frequentou a Escola Primária em Matalana e posteriormente, em Maputo, os primeiros
anos da Escola Comercial. Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro ( médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques.

Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes ( Pancho) que lhe cedeu a garagem para atelier.
Acusado de ligações à FRELIMO, foi preso pela polícia colonial juntamente com os poetas José Craveirinha e Rui Nogar.

Contrariamente aos seus companheiros, não se provou tal envolvimento pelo que acabou absolvido, após quase 2 anos de prisão.
Mas nas suas obras sempre esteve patente a denúncia à opressão e após a Independência teve vários envolvimentos na área política, tendo sido deputado pelo Partido Frelimo de 1990 até 1994 e hoje é um dos membros da Frelimo na Assembleia Municipal de Maputo.

Foi um dos criadores do Movimento para a Paz e pertence à Direcção da Liga de Escuteiros de Moçambique. Fundou o Museu Nacional de Arte e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte ( associação que agrupa os artistas plásticos).
Muito ligado à criança, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escola dominical "Vamos Brincar", uma escola de bairro.

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, índia, Islândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabué.

Malangatana foi membro do Júri do Primeiro Prémio Unesco para a Promoção das artes; é membro permanente do Júri " Heritage", do Zimbabué; foi membro do Júri da II Bienal de Havana; da Exposição Internacional de Arte Infantil de Moscovo; de vários eventos plásticos em Moçambique e Vice-Comissário Nacional para área da Cultura de Moçambique para a Expo ‘98.


José João Craveirinha, nasceu em Maputo, antiga Lourenço Marques, em Maio de 1922 e faleceu em 6 de Fevereiro de 2003, na sua cidade natal. É considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana.

Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da Associação Africana na década de 1950.

Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4ª Região Político-Miltar da Frelimo. Primeiro Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AEMO (Associação dos Escritores de Moçambique) entre 1982 e 1987.

Na sua autobiografia escreveu:
"Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.

Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato.

A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.

E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique".

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