A Nossa Língua
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Criações próprias

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Criações próprias - Página 2 Empty Re: Criações próprias

Mensagem  cdurão Sáb Abr 16, 2011 7:06 am

I
Quando o homem anda o caminho
Pensa, Afrodite, no sal dos teus lábios,
E que nada fica longe na vida,
Em sonhos e utopias.
Eis o dilema, que a vida é vingativa,
Cria a morte além da que já existe.
Não esqueças que ficar a nu a tua
Revolta pode ficar mal,mesmo muito mal,
Porque podemos errar nas colinas do lusco-fusco,
Quando vem limpo o crepúsculo, e o mar é de breu.

II
Não tenhas lágrimas pela Ítaca perdida,
Há uma rua de em só sentido na vida
Que cheira a pão e amor, como se o tempo
O tivéssemos nos dedos e no amar.
Lembra, os olhos estão solitários
Se não vêm as coisas, e a primavera e
O Inverno do futuro,furto ao tempo
Da vida em que somos.
É.

III
E o mar com seus cavalos de água,
Luzes e sombras, espumas perdidas,
E os horizontes sem fronteiras?
Dançaremos sob a citara da chuva?
Diz, Afrodite, ou sentiremos os tambores
Das palavras, como amor, ser,não ser, etc.
E me perco no etc. porque estou no exílio
Com animais de fogo,nomes das lacrimae rerum,
A arder em mim.
Sim,só assim.
No silêncio da página mágica,
De ti e de mim.

2011-04-16.J[oão]N[unes]

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Mensagem  cdurão Seg Abr 18, 2011 11:45 pm

I
Um dia de fogo
Para calmar tua sede,
E não quisseste mais.
A alva já florindo
Sobre o rio.
Hors-texte
O que desejas,queres,
De homem, mulher?
Diz.

II
Não quero deixar-te
Com o silêncio a sós,
Não quero perder o teu ser
Na noite.
Há um incêndio nos eus
Que se entregam,
E brilham teus olhos
Como sóis de luz,
Por quê manter ainda
A distância das palavras,
Se vale o encostar a tua ternura
À minha.
Hors-texte
Há um círculo de fogo
Que nos rodeia,
De contentamento descontente,
Corpo e cérebro ardendo
Em sinapses de amor e ser.
O que faremos no nevoeiro da vida?
Na floresta do alheamento,
Na entrega e no silêncio?
Criar futuro livre,
As mãos aterrorizadas,
Por se acaba tudo?

III
Que amarelo o Alentejo,
Que quermesse de messe,
E de ti em mim!
Hors-texte
E tu fabricavas ainda
Sonhos e utopias
Com teu amar,
Como se a vida
Não fosse de terminar
Um nascimento ao acaso.
Ah estes azares do ser-se
E amar.

2011-04-19, J[osé]T[avares]

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Mensagem  cdurão Dom Abr 24, 2011 12:10 am

I
Sei do sol batendo nas folhas,
Da água limpa na pedra,
Das fontelas das coisas
Como telegramas,
Lacrimae rerum,
Estarem ai assim quietas
Algumas, a fazer-nos companhia.
E não preciso saber da sua essência
Nem de lhes pôr nome.
Mas ao teu sorriso triste e belo
Preciso chamar-lhe saudade.
Podia olhar para outro lado,
Eu sei, e dizer que nada sabia
Da tua dádiva, os olhos cinzentos
Como um proun de saudade.

II
Lembro as tuas mãos perversamente
Inocentes, e que te pedi não mentir,
Eleger o precipício da verdade,
Por quê me falhaste?
Eu pedi quer não me abismasses,
Quer não me agastasses.
E apenas ouvi como que vingança
O estrondo do ruído do teu silêncio.
Nem morfemas, nem sememas, nada.
E semeaste o mais difícil,
Que te amasse como trovador,
Sem poder fazer trovas de amigo
E de amor.

III
Amei o nevoeiro rio acima,
Porque tinhas ocupado meu corpo
Todo.
E fiquei asinha no abandono.
Absoluto,corrupto.
Enfim, como uma coisa abandonada.
E te vi tal qual, mulher amada,
Chega? Chega com a saudade.
Mais nada, mulher amada.

2011-04-22,J[oão]N[unes]

Nota.- Proun é” projeto para afirmação do novo” segundo o pintor construtivista russo El Lissitzky (Proekt utverzdenija novogo).

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Mensagem  cdurão Dom Abr 24, 2011 12:10 pm

I
Que incerteza e desconcerto
Há no meu sentir, como um poema
Sobre o rio Lethes, Lima que vem
Da Galiza, e que estranhas as ondas
Ao beber a água do rio.
Quanto abandono nas coisas,
Tão natural tudo.
E eu ainda desconfio da incerteza,
Quando tudo é incerto, Marília.

II
Cobriste teu corpo de lágrimas
Na noite escarlate,
Sentiste ligeira a saudade
E afinal, Marília,
Ficaste como que desaparecida,
Quando declinava a alva.
O que queria a tua feminilidade,
Nem se sabe.
Estavas irrequieta como o luar
Esperando amar o mar.
Hors-texte
Stop,aqui acabou o texto;
O poeta fica no aconchego
Do ruído do silêncio,
No cio do tempo,
Esse invento.

III
Há nuances cinzentas em teu olhar,
Frigidez forçada, Marília,
Como se não desejasses
O passeio por teu corpo
De olhos e mãos de homem.
Como se ser mulher fosse um acidente.
E é.

2011-04-24, J[oão]L[abriosque]

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Mensagem  cdurão Qua Abr 27, 2011 4:49 am

TEXTOS
Falo dos ecos do silêncio,
Liliana, não da tua voz
Suave, nem de teu corpo
Ainda não entregue por receio.
Falo da distância quando nos avistamos
E de como me defendeste por ser mulher.
Enfim, tenho saudade de ti, longe de toda
Fição literária, de toda paisagem da razão.
E o coração salta a minha boca quando
Te encontro numa ruela, bela, brilhante,
Como uma alva pura.
Sei então que estou perante um amor
Impossível.
Quereria lançar-me aos jardins da arte
Para esquecer as tuas mãos quietas nas minhas,
Esperando amor, quando já não é possível,
Liliana.

II
Os teus dedos percorrendo meu rosto,
As sílabas do silêncio rasgando a frieza
Das ideias, e um vulcão dentro de ti ardendo,
Como se quisesses transformar a carne em verbo.
O teu som português com leve sotaque estrangeiro
Enerva, e o teu olhar é uma forma de dizer
Estou contigo e te percebo.
Que ek-sistência a minha inacabada
Que tremor no imo de mim com a tua presença,
Quantos sentimentos a assaltar a razão.
E penso no grave perigo de uma mulher dizer
Ao homem te compreendo, com som gutural ou
Com palavras.
A luz da alva iluminava teu corpo e teus cabelos,
E o nevoeiro frio subia rio acima,
Filigrana de prata que caminha ao algoz do imenso oceano.
O que queres, Liliana, pois nada posso dar nem que me abraces
Nem que me ames, nem que me olhes com doce olhar.
Nada pode unir os nossos destinos, eis a sina, a moira de ser.

III
Soube da geografia do teu corpo,
Do teu sentir profundo de mulher,
Melhor que nada soubesse.
Semema inacabado, palavras sem dizer.
E me amas, diz.
E calei, o amor tem que ser livre,
Ou nada pode ser.
Hors texte
Aves canoras cantavam na manha fria,
Mãos frias, amores todos os dias.
Aves canoras cantavam a alva pura,
O que ama homem e mulher ate a sepultura,
Mesmo no que a vida dura.
E a reposta voou nas asas do silencio,
O amor de homem e mulher em rebento.

Hors texte 2
E aos filhos que lhe diremos,
Que sabem ao nascer do seu destino,
Em frágil argila que todos somos.
O teu olhar cinzento nublou o tempo
De ser e de amar, foi como chicote de
Sentimento em pensamento.
O que somos ao fim, Liliana,
Húmus, terra, estirpe, povo,
Ou simplesmente amor de homem
E mulher que nem podem amar
Nem desamar, nem livremente ser
Inteletualmente.
Afasto minhas mãos das tuas mãos
E percebo que compreendes.
Que há amores impossíveis,
Que se sentem na mente de maneira
Insistente. Como utopia e sonho que
Somos. Chega para perceber que amar
E ser são coisas puras, inocentes,e
Impossíveis muitas vezes.Eis o destino.
Álea jacta est.Basta,percebes, Liliana.
Que se morre um pouco cada dia,
E que a isso chamamos vida.

2011-04-27, J[oão]L[abriosque]

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Mensagem  cdurão Qui Abr 28, 2011 12:52 pm

I
Encontrei-te um dia como um poema,
E te senti em sílabas de silêncio,
O amor dentro.
Então inundaste dias e noites
De insónia roxa e de paixão de ser mulher;
Havia em teu olhar flores de amores,
E um oceano imenso de amor.
Dialogavas com a vida
E fabricavas sonhos
Para os filhos de nós
E os que lhe sucederam.
Percebi que eras a mulher
Mãe dos filhos a haver.
A estirpe e nação a nos
Continuar.
II
Empurram as palavras
A sintaxe do silêncio
Metonimia de ser-se
Sabendo.
E então batia certo
A razão de sermos,
Desde o tempo zero
Em que nascemos.
E cultivavas flores
E ek-sistências.
E sorrias à alva
Como a Gioconda.
III
Saltam metáforas do teu corpo
E eu queria apoiar a minha víscera
Cardíaca e o cérebro em ti,
Mas percebi que não podia ser
Se não me entregava e pedia a tua
Dádiva.
E me libertaste com alegorias, amores e
Velhas paixões para continuar a ser,
Sabendo que não te atraiçoaria.
Sabias que sempre te amaria
Espalhando amor pela vida e os
Poemas.Quanta certeza em teus olhos.
Quanta firmeza em teu ser.
Fiquei a saber, quando já não te tinha
Comigo.
Quando perdi a Ítaca, e por rotas inesperadas
Encontrei que havia complexo de Polícrates em ser.
2011-04-28,J[osé]T[avares]

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Mensagem  cdurão Sex maio 13, 2011 11:10 am

I
Não posso arrastar-te ao meu abismo,
O sabes bem,
Nem aceitar que vivas em meu corpo
O sangue do tempo,
Ou que tenhas que aceitar na tua boca
O silêncio.
Em que cio de tempo morrerias?
Ou ficaria trucidada a tua felicidade,
Penélope.
II
Lembro poemas rejeitados,
Nunca ditos, inéditos,
Mas que funcionam na intimidade
Da saudade e da liberdade.
Deixarei que fiquem no olvido,
Penélope.
III
Ah aquele mar da vida calmo,
Thalassa platia,
Perdida a mulher prometida,
Penélope.
Eu Ulysses imagino as estrelas
Arquitetando universos,
Rasgando firmamentos.
Por quê tem de deixar uma janela
Aberta ao mar?
Se talvez já nunca voltarei,
E a água do mar sentirá
As frágeis palavras humanas,
E saberá que já não comunicam
Nada.
Que opacidade em tudo,
Quanto cratilismo nas palavras,
Quando um sabe do complexo de Polícrates
E que nunca encontrará o caminho de regresso
À Ítaca.
Coro grego:
Não imaginas a sorte, Ulysses, de poder viver
Sem pagar ainda o óbolo a Caronte,
Navegar por mares imensos,
Com leme mão e os olhos pendurados
Nos horizontes.
Ulysses:
Sei que a minha desgraça é ser,
E navegar e viver,
E saber que Penélope olha o mundo todo
Por uma janela de água,
Tecendo e destecendo tempo.
Ah que óbvio e obtuso tudo,
Quanto ruído do silêncio em ser.
Coro grego:
Nasce a alva e ela abre as portas
Ao mundo todo das coisas,
E aos olhares certos de horizontes
Múltiplos.
Aproveita ser Ulysses, que o tempo corre
Como uma nau, que não tem rumo certo,
A não ser no morrer.

2011-05-13,J[osé]T[avares]

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Mensagem  cdurão Sáb maio 14, 2011 12:55 am

I
Ai o teu seísmo cravou-se em meu corpo,
E quase me assombro de sermos cada um
A sós ainda.
Que desenfreio,
Que entrega.
Como morrer um no outro.
II
Brilhava o carro de Febo
Quando encontrei flores de amor
Em teu ser.
E interrompeu-se o ar,
E tudo ficou quieto,
Na dádiva plena,
Inteira.
De sol a sol galego.
III
Apenas podia ciciar no teu ouvido,
Estou contigo, excessivo, inteiro,
Tão dentro do corpo que não havia mais língua
Do que o silêncio.
Eu com o ruído do silêncio, irrequieto,
Em desassossego de amor perfeito.
Ou era ilusão o incêndio do teu corpo
E das tuas mãos,dos teus dedos,e o
Teu aconchego?
Devassei teu ego em sílabas
De silêncio.
O meu ego não conformado,
Irrequieto.

2011-05-14,J[oão]L[abriosque]

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Mensagem  Isabel Sáb maio 14, 2011 1:05 am


«Tão dentro do corpo que não havia mais língua
Do que o silêncio.» ...

Um senhor cantou-me estes dias:

Sementei e não colhi
a aveia na revolta,
vale mais
vale mais
um amor ao longe
do que vinte e cinco à porta...


Isabel
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Mensagem  cdurão Sáb maio 21, 2011 12:30 am


Nós que medimos a vida,
Que sabemos do mundo,
No cerne da mesmesidade
Que somos,
Nós, Natália, devíamos saber
Que existe o ruído do silêncio,
Em que ser biografia inédita,
Biologia, como a natura na alva
E no sol alto.
Quê vento suão chega a terra
As gaivotas com ele.
Quê vento há na almofada da alva
Cada madrugada?
Os corpos quietos, Além Tejo,
Montes de solidão teus seios
E o teu corpo ávido de ser
Companhia, de outra argila viva.
Lembras as noites de Aljustrel,
As canções dos mineiros,
As vagas de luz e oiro dos campos
Todos?
E o amor criando um poema?
Diz
II
Ah as praias do pensamento
Desnudas, perturbadas por oceanos
De sinapses de liberdade!
Ai aqueles momentos de entre pura,
Natália.
Tudo tão hábil como o pensamento
E o sentimento, no sílex do tempo?
E a tuas saudades de amar,
Como as matarás?
Diz
III
Não digas que há erro em ser,
Ou na lucidez de ser para não ser;
Ou no amar e desamar, Natália.
Que a saudade dura até à sepultura.
Esta manhã eras como uma deusa
Vinda do Olympo.
Jardim de chuva alimentado natura pura,
Fontelas, e arroios, rios todos para o algoz
Dos oceanos,
Não digas que não sabias que amar é ser,
E ter filhos a haver.
Não digas da solidão que é ser
Captivo da minha tristura, como
Macias O Namorado, que isso é
Saudade ou contentamento descontente
Que todo trovador sente.
Ainda: reclamo da solidão a angústia de
Uma flor esperando do orvalho amor.
Ou: as aves canoras sabem e cantam que as
Flores despetaladas choram namoradas
Nas almofadas das alvas todas.
Hors-texte
Saberás perceber o curtocircuito de um
Sentimento pensado ou de um pensamento
Sentido, vivido, entre saudade e olvido.
Ri a lua sobre o rio Lethes,
As barcas flutuam e a nevoeiro pardo
Vem de imenso oceano.
Mas a natura não sabe da tristura.
É coisa de humana creatura.

2011-05-20,J[oão]L[abriosque]

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Mensagem  cdurão Dom maio 22, 2011 12:40 am

I
Não há atmosfera nesta página
Porque não sabe Vénus do leite
Purificado masculino,
Semeando futuros.
II
Também não há ruído do Ser
No silêncio tresmalhado
Es guei
rando-se
pela página virgem,
impóluta.
III
Nem se arquitetam os sonhos
Se não se sabe da vida
E da saudade de Ser.
IV
Quantos minutos de solidão,
Quanto a dizer que não se diz,
Beatriz.
Ou seja o amor em silêncio
É curtocircuito no cérebro,
Ou chega a dádiva para a
Comunicação plena?
V
E aos filhos o quê lhe diremos?
Que nascem sem palavras a as
Aprenderem sem gramática?
Ou que estão ocultas na angustia do ser?

2011-05-21J[oão]L[abriosque]

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Mensagem  Isabel Dom maio 22, 2011 2:36 pm


Curtocircuito na pele.
Sonho atravessado na garganta.
Que filhos?
Isabel
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Mensagem  paulo Qua maio 25, 2011 12:52 pm

Eu prometo
intentar
falar e escrever o melhor possível
esta que é
minha segunda língua
conquistada com esforço
mas
honestamente banida
do ilegítimo desejo de ser primeira
quando fora dos santos
quando fora de rosários e das beições dos idosos
na casa
e agora arriquecim-na como segunda e boa língua
da primeira e boa linha de antepassados mortos
que acreditavam prenhícies em ondas de mares
e curações de ventres com cruzes
e sucessos na escola com alhos
e diziam pretos cheirarem mal
e tivem-na de depreender
quando era minha passivamente
subiu de grau, temo-la de trabalhar, paulito
é-che guapa
pero aínda não deste em papel melhor
do que já tiveras na altura de nascer
e tudo é uma busca de corsário imbécil
e achego-me do Kusturica e de Bregovic e das batatas fretidas
e peço um Sahara que houve quando eu nascer
no meio e meio do festival de Eurovisão
e do golo de Maceda num campo da França perversa, 1984 na mítica de Orwell e Muñoz
quando os vizinhos ao Sul eram desamigos, e agora são simplesmente indiferença
desconhecimento
estrangeiro
aliados
fronteira sem arámios
outra cousa
paulo
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Criações próprias - Página 2 Empty os cânticos do silêncio

Mensagem  Nambuangongo Qua maio 25, 2011 2:52 pm

sou dum país
que não é país
fantasia entre as brêtemas
engolida
pelo inexorável avanço da nada

sou dum povo
que não é povo
olhos que não veem
mutilados
pelos jorros abrasivos da mesquinharia

tremem as mãos
frio
e não é inverno
entre os dedos feridos
caem as arreias do tempo
tão depressa
e nada deixam
só arranca
quebra
leva
erosão e devastação
melhor não ver
e vejo os sonhos
casa velha
desvão
teias de aranha
e no chão
velhas cartas de amor
roídas pelos ratos

falo com os meus filhos
que nunca nasceram
e digo
afortunados!
aqui não há lugar para nós!

nada sou
nada tenho
só uma canção triste:
os cânticos do silêncio.


(eu, ninguém)
Nambuangongo
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Mensagem  paulo Qui maio 26, 2011 3:02 pm

Acreditando a língua do avô ser de santos
que era homem de não pór pê na igreja e era justo
regalou-che um carro de polícia
::::::::::::::::::::::::::
As cruzes da bisavó eram teimadamente de longe
eram teimadamente de bruxas e mulheres sábias
::::::::::::::::::::::::::
Agora tu duvida quem foram os santos de Roma e as mulheres da Galiza
e estima bem as febres e as cruzes
e decide menino, decide
se che valem aínda os papéis ou fizeste novos e arrombaste outros
tão teus como o adn do cuspe teu numa análise policiar
qualquer día que cha façam
:::::::::::::::::::::::::::::
Bregovic lusófono sejas bemvindo
1984 não se passou nada de sucesso para os teus
quitada a década ser a melhor para teu construto
:::::::::::::::::::::::::::
Reclama o berço de Portugaliza
eles falavam e não sabiam escrever
por isso eles não eram Portugaliza
mas a semente
que agora deixas escorregar
:::::::::::::::::::::::::
IMBÉCIL
Sad
paulo
paulo

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Mensagem  cdurão Sáb Jun 11, 2011 12:22 pm

CANTIGAS DE EMBALAR PARA APEGO (BOWLBY) E URDUME AFETIVA (ROF CARVALHO) ADATADAS POR JOSE NUNES, O GALAICO, PARA M.
I
(De re ontológica)
O menino dorme no seu berço
A sós
Dorme,dorme,
Sonha que não está só.
Ro ro ro, com a Galiza
Dentro sonha o menino,
Que tem língua e povo,
Que não está só.
II
A lua chora
Chora
Faz beicinho
Alouminho
Coitadinha
Chora ó ó ó
Ao ver um menino
Só.Ó ó ó ó
III
Ó medo vai-te dai
De cima do meu telhado
De menino bom,
Deixa dormir o menino
Medo, vai-te dai,
Que o menino dorme
Melhor assim.Ro ro ro.
IV
Dorme meu bem
Na noite escura
Acorda na alva
E sente vida pura
Que a vida é dura
No que perdura
Até à sepultura!
Rororo ro ro ro
Dorme meu bem
Dorme meu amor
Que teu pais te
Cuidam com amor
Cérebro e coração.

2011-06-11, JN

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Mensagem  cdurão Dom Jun 12, 2011 6:46 am

TEXTO DE J.PADRÃO, GALIZIANO DE ORIGEM
Era um dia frio e de chuva,
E o menino não teve medo,
Nem a mãe receio,
Nasceu no Salnês
Sabendo de fragâncias de
Terra e mar,
Thalassa platia , para o menino
De tempo e vida, por amor de casal feito;
E foi lançado ao mundo, como dasein de Heidegger,
E ninguém lhe explicou por quê,
Como um seu avó que apareceu
Aos pés da cama sem saber nada
Apenas gritar, quem me mandou
Para cá…
E todos sorriram, é um rapaz!;
E ficaram contentes.
Ah Martinho serás capaz de ser
Leal a língua, povo e terra matricial?
No cantinho mais verde das Europas?
A ser sincero e verdadeiro em toda
Tertúlia ocidental? E também não ocidental?
Sem ler Plessner soubeste do riso e
Do choro que são do humano ser,
Sem saber gramática acabarás por falar
A língua dos teus pais e avós,
Do povo galaico que tinha já bela língua de origem
Romana antes de nascer Portugal.
Serás multilingue, usarás liberdade natural,
Libertarás o que haja que libertar.
E saberás das essências do teu povo, etnia, língua
Naturais, em antropologia e ontologia vivas
De verdade, liberdade e saudade.
Com isso viverás, e há de te chegar
Para saber por quê foste lançado ao mundo:
Por amor de pais, para lançar ADNs para o
Futuro e saber lutar, porque vida é lutar e ser até morrer,
Por um mundo melhor; isso é também ser
E amar.
Chora menino Martinho, chora até que te cheguem
Palavras belas de latim corrupto nas alvas todas;
Chora que a nossa pátria está ainda amordaçada
E toda a gente cala.
Chora menino Martinho, que quem chora rapidamente
Aprende textos e palavras no ruído do silêncio,
A liberdade, a saudade, e a verdade fica na privacidade, no imo de nós,
Dentro o nosso eu, pátria,povo,língua amorosa, sabendo do amor e do moiro-me de amor em todo momento.
Amarás a pátria e os pais.
Chora, adormece, ro, ro, ro, que de noite a relva cresce
As fontelas deitam agua pura e o mundo vegetal, animal
E mineral fica na escuridão até que amanhece.
Terás de saber as diferenças de ser ek-sistência,do ente ,do ôntico
E dos universos, que vejas e não vejas no teu imaginário de menino
Que como homem com honesty cresce e cresce, até um dia parar de
Crescer por simples avaria da vida.
Não tenhas receio de nada no lusco-fusco, ro ro ro, adormece,
Que cada amanhã a alva estilhaçada contigo se enternece.
Dorme menino, dorme, que teus pais cuidam de ti, e do povo
E da pátria bela, e dos altos cumes de serras e montanhas, cada
Vez que anoitece, cada vez que amanhece; dorme menino, meu amor,
Meu bem, que ainda és inocente e teu dormir será decente.
Dorme,Martinho,dorme Ro ro ro, que os teus pais também dormem
E tua mãe te cuida com complexo kapa e teu pai com ethos paternal.
Ah quanta ternura menino dos teus pais receberás; feliz serás.
Hors-texte
Acorda Martinho, como, bebe, cresce, aprende tudo,
E diz na altura de voz serena,alta, viva, falta cumprir-se a mãe Galiza,
Portugal pródigo e prodígio, ou não seremos.
.

2011-06-12,JP

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Mensagem  cdurão Ter Jun 14, 2011 7:09 am

TEXTOS DE J.PADRÃO
Sopraram ventos de Eolo
De khronos kai kairós
E tempestades e vendavais,
Coriscos temporais criaram-se
Dentro de mim.
Ofuscado o pensamento pelo sentimento,
Perguntei-me Polínia o que foi de ti?
Se Musa pensativa da vida, nada pândiga,
Algo te preocupa e fadiga.
Surgiu então meu sonho e utopia de poeta;
A poesia em argila viva no que ela dura
Na simples vida, e pedi,
Dai-me lyras sob o signo de Polínia,
Que quero cantar solidão e amor,
Saudade a ser e liberdade de ser.
Cantou então um rouxinol
Il tempo imobile da cantiga de S.Ero,
CIII de Afonso O Sábio, e ficou em mim
Um arrepio de tempo e sonho.
Há cantigas de amor e de amigo que
Marcam a vida do homem para sempre,
E que são desespero do Ser a ser na
Floresta do alheamento do amor e desamor
E do contentamento descontente,
Que todo trovador sente.
Coisas da ontologia viva, Polínia,
Coisas da vida que nós prega a partida.
O resto é literatura ou filologia.
Ainda
Hors-texte
Vou embora para Pasárgada
Onde não há rei,
E feliz viverei.
Ou: Onde a minha Ítaca perdida
E nunca achada, onde meu amor,
Meu bem, a minha esposa amada?
E Eolo soprou novamente ventos
Imensos de khronos kai kairós
Em que todos vamos sendo.
Por isso a vida e a luta continua.

2011-06-14, JP

cdurão

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Mensagem  cdurão Sáb Jul 02, 2011 1:52 am

TEXTOS DE J.PADRÃO
I
Homem sou, e nada humano me é estranho,
Mas nem sou D.João nem Giacomo Casanova,
Mesmo que queira ser o amante perfeito, lançador
De Adns, entre o ser e o nada que anonada.
Amante fui excessivo, pelos vistos, de mulher amada,
O que me levou a filhos e saber da solidão de ser, e
Perceber o nada em que o homem acaba, seu ípsilon
Croomossómico em liberdade, sabendo da saudade.
Já nem J.Padrão sou! Nem outro alónimo céptico nome,
Que o homem procura em sede de amor a ternura de ser
Com filhos e mulher a ek-sistência toda.
Ninguém é sedutor, nem tem fascínio nem charme,
Simplesmente é leal a ética social,moral, povo e língua
Que leva no sangue.
Não tenho bibliofrenia,paixão pelos livros, nem sou das
Artes poéticas e plásticas, das literaturas e das linguísticas;
Apenas humanista amador, filantropo como Mr.Pickwick,
Inventáriador do humano como W.Shakespeare,acho que sou,
Ou seja alguém a querer amar e ser amado, lançado ao mundo
Por acaso, procurando beatitude e sofrosyne. Já J.Padrão não sou
Que perdi amor primeiro, o único verdadeiro.Não tenho máscaras
Apenas sou.E sei de ser e nada e do nada que anonada e da dor de
Ser sem amor. Cupido me atraiçou e Vénus e o eterno feminino.Sou ainda gauche da vida, aparecendo aos pés da cama sem incomodar nada e ninguém.Amor,solidão,ontologia são dilemas da vida, como liberdade, verdade e saudade.
Para onde vou? Nunca o saberei, é a vida a que nós prega a partida; amores hei,e
Muita mulher me amou sem contrapartida, leal eu a Penélope tecendo-se e destecendo-se, perdida. O quê farei? Ser livrepensador, ser sabendo que sou entre o ser e o nada, que anonada.Nem D.Giovanni,nemD.João nem nada sou, porque sou livre.Não sou burlador, quem burla a dor de amor?; ser marido basta, e saber de estirpe e nação.
Hors-texte
Dá esposa amada
Ósculos puros da tua boca de mel,
Para mim, teu homem, e para os
Filhos a haver saber da tua ternura
De mulher.Basta, é como quem cheira
Uma flor ou navega da vida o mar, com
amor.

II
Deconstruo o texto linguístico,
Dicionário de narratologia do amar
Sem ser amado, por ter muitas paixões
Desejadas e não desejadas, como agasalho.
Ao meu cor, aos meus olhos,a minhas mãos
O que lhes farei? Sedutor não sou, apenas
Espelho de homem galiziano. Eu sei não teve
Amor quem não teve galaico ou português amor.
Amor de trovador trovar amor e moiro-me de amor.
Hors-texte
Nas manhãs frias cantavam as aves canoras
Alvas e amanhecidas e sabiam do humano ser,
Mãos frias amores todos os dias;
Olhos verdes são traidores, mulher amada
Thalassa platia,sossego da angústia de ser de
Por vida; e de outro lado do universo o que haverá?
E nem o ruído do silêncio respondia.
As aves canoras cantando amores,
E flores bebendo gostoso orvalho
Na amanhecida, quando nasce o dia
E se sente a vida viva de cada dia.
Tempus fugit, chega; nem D.João sou
Nem Casanova, sou saudade pura e viva,
Até que chegue o tempo da sepultura.
As aves canoras cantavam na manhã fria,
As saudades perduram além sepultura.
Aleluia.A alva bela sorria.
III
O mito não é tudo, é nada e ek-sistência
Que anonada; liberdade sou, minha e de
Outrem, e mais em mulher amada que em
Liberdade entrega ser de mulher que ultrapassa
Ser e nada, e anonada.Condenado estou a ser
Livre, eis meu destino,moira, sina.Único fundamento
De ser Martinus puer.A liberdade é faticidade, festividade
Do ser, mais nada. Chega; chega? Homem sou eu sei e amarei
Esposa amada.E a estirpe e nação a ser.Alea jacta est, os dados
Estão lançados. Somos tempoalidade na mundanidade, fatidade
De ser, que logo acaba. Somos amor a ser e liberdade, o que é
Toda humanidade.Que homem puro não almeja amor ideal, o eterno feminino
A ternura de mulher?
Hors-texte
Quereria coagular-te em mim, mulher,
Por amada e por ser mulher, e por filhos
A haver.
E penso no que sinto e a saudade se abisma
E se despenha no abismo do sentimento e do
Pensamento. Ai a dor de ser de cada momento,
Ai a dor de amar intensamente, quanto contentamento
Descontente há dentro de nós, o imo de nós entregue.
IV
Nem Sísifo nem Prometeu, o amor perfeito.
Esse desejo da ek-sistência ao de leve.
Que viva a liberdade na alteridade,
Na entrega toda.
Dádiva que nunca acaba entre o ser
E o nada.
Abre trilhos a haver de liberdade
Nos filhos a haver sem entrave.
Teu sou, de mais ninguém.
Hors-texte
Dá ósculos puros de mel da tua boca
Para eu saber ser, e perceber que a trágica solidão
Tem alavanca de viver em corpo e amor de mulher amada.
Que quem não ama não sabe o que é ser.
In fine: Quem não teve amor galego ou português
Não sabe o que o amor é!


2011-07-02,JP

cdurão

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