Estrolabio
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Re: Estrolabio
http://networkedblogs.com/fZsZq "Daniel Castelão: língua e nação"
(fico com esta cita: «Estamos fartos de ser umha colónia»!)
(fico com esta cita: «Estamos fartos de ser umha colónia»!)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
Um "Retrinco" do Castelão: http://networkedblogs.com/ggIm7
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Barcelonadecideix - Consulta sobre a independência da Catalunha - Barcelona decide
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1261551.html
“Está de acordo em que a Nação Catalã seja um Estado de Direito independente, democrático e social, integrado na União Europeia?”
Esta é a pergunta à qual os habitantes de Barcelona foram convidados a responder.
Barcelona Decideix é uma iniciativa de cidadania – convocada, organizada e financiada por cidadãos catalães – com vista à organização na cidade de Barcelona dum referendo sobre a independência da Catalunha, no dia 10 de Abril de 2011, culminando uma série de consultas similares organizadas em diferentes municípios e iniciadas com o referendo à população de Arenys de Munt, em Setembro de 2009.
“Está de acordo em que a Nação Catalã seja um Estado de Direito independente, democrático e social, integrado na União Europeia?”
Esta é a pergunta à qual os habitantes de Barcelona foram convidados a responder.
Barcelona Decideix é uma iniciativa de cidadania – convocada, organizada e financiada por cidadãos catalães – com vista à organização na cidade de Barcelona dum referendo sobre a independência da Catalunha, no dia 10 de Abril de 2011, culminando uma série de consultas similares organizadas em diferentes municípios e iniciadas com o referendo à população de Arenys de Munt, em Setembro de 2009.
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
Re: Estrolabio
eu estou (mas quem sou eu para o decidir?...); sorte, amigos catalães! (e obrigado, Pedro: não vou muito ao excelente Estrolabio pela razão de sempre, que dizem por cá os "meus" anglos: if you want something done, ask someone busy!)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Després de la Consulta: el dret a decidir - Direito dos povos (catalão e outros) a decidir
Recomendo no Estrolabio o artigo do catalão Josep Anton Vidal em que analisa o contexto e importância das consultas cívicas sobre a independência da Catalunha
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1271244.html
Grande lição de cidadania.Pelo dret a decidir dos povos, pelo direito à autodeterminação - colónias não são só as ultramarinas.
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1271244.html
Grande lição de cidadania.Pelo dret a decidir dos povos, pelo direito à autodeterminação - colónias não são só as ultramarinas.
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
Re: Estrolabio
Obrigado, Pedro; pois é, como diz o Josep:
"És aquesta una peculiar característica de les democràcies que tenim, per ara i mentre la democràcia no vagi més enllà: l'opinió dels ciutadans, les manifestacions massives, les consultes, els arguments... no són vinculants, però les decisions de la directiva dels diferents partits és vinculant fins i tot en l'exercici del vot."
veremos o que dizem no Parlament (e em Madri, e em Bruxelas), suspeito que a questão vai adiada sine diem; mas os catalães já se estão a comportar como independentes de facto, e isso é o que conta ao final; sort!
"És aquesta una peculiar característica de les democràcies que tenim, per ara i mentre la democràcia no vagi més enllà: l'opinió dels ciutadans, les manifestacions massives, les consultes, els arguments... no són vinculants, però les decisions de la directiva dels diferents partits és vinculant fins i tot en l'exercici del vot."
veremos o que dizem no Parlament (e em Madri, e em Bruxelas), suspeito que a questão vai adiada sine diem; mas os catalães já se estão a comportar como independentes de facto, e isso é o que conta ao final; sort!
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
"o galego é o português da Galiza": é uma das possíveis citações do longo post no Estrolabio de hoje:
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1141254.html
é ler (o melhor argumento para rebater a grafia no que está escrito, e não digo mais...)
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1141254.html
é ler (o melhor argumento para rebater a grafia no que está escrito, e não digo mais...)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
A matança da Pascoela no Portugal de 1500
19 de Abril de 1506 – faz hoje 505 anos – por Carlos Loures
Damião de Góis na «Chronica do Felicissimo Rey D. Emanuel da Gloriosa Memória», descreve assim o que se passou nesse Domingo de Pascoela:
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1301615.html
Damião de Góis na «Chronica do Felicissimo Rey D. Emanuel da Gloriosa Memória», descreve assim o que se passou nesse Domingo de Pascoela:
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1301615.html
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
José Afonso numa palavra - Maior que o pensamento
Este documentário passa na RTP1 nos próximos dias 24, 25 e 26 a seguir ao Telejornal
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1301320.html
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1301320.html
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
Re: Estrolabio
Os velhos não devem enamorar-se e Lela, de Daniel Castelão
Da produção de Daniel Castelão faz parte a peça de teatro ”Os velhos não devem enamorar-se”, para a qual, além do texto, Castelão cuidou também do lado visual tendo-se encarregado do desenho dos cenários, figurinos e máscaras.
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1213810.html
Da produção de Daniel Castelão faz parte a peça de teatro ”Os velhos não devem enamorar-se”, para a qual, além do texto, Castelão cuidou também do lado visual tendo-se encarregado do desenho dos cenários, figurinos e máscaras.
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1213810.html
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
Re: Estrolabio
obrigado, Pedro: é uma "regalia" para os olhos, então para os ouvido não se diga, na dulcíssima voz da Dulce...
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
http://networkedblogs.com/gY5OW: Questões linguísticas (NB. quem lá escreve grafa "questons lingüísticas", mas calemos...)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
CANTIGA DE ABRIL Jorge de Sena
Às Forças Armadas e ao povo de Portugal
«Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade»
J. de S.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste pais,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério.
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.
Qual a cor da liberdade?
É verde. verde e vermelha.
Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por politica demente.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.
Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.
Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
(26-28(?)/4/1974) (http://estrolabio.blogs.sapo.pt/)
Às Forças Armadas e ao povo de Portugal
«Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade»
J. de S.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste pais,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério.
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.
Qual a cor da liberdade?
É verde. verde e vermelha.
Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por politica demente.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.
Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.
Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
(26-28(?)/4/1974) (http://estrolabio.blogs.sapo.pt/)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1324556.html
hoje homenagem a Ernesto Guerra da Cal (com vídeo e descarga); grande obrigado, Estrolabio!
hoje homenagem a Ernesto Guerra da Cal (com vídeo e descarga); grande obrigado, Estrolabio!
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Manuel Rodrigues Lapa e a Galiza (1), por Carlos Loures - Estrolabio
É para continuar.
Português da Galiza, Português de Portugal : duas nações, uma língua.
Português da Galiza, Português de Portugal : duas nações, uma língua.
Pedro Godinho- Mensagens : 23
Data de inscrição : 08/01/2011
Re: Estrolabio
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1143364.html:
(Sempre Galiza! - wiki-faq AGAL ( : Questões linguísticas – Teoria – Léxico e gramática)
e http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1348859.html:
(Manuel Rodrigues Lapa e a Galiza (2))
mais uma vez: grande obrigado ao esforçado Estrolabio, que nos acompanha no dia a dia da nossa língua, precarizada na Galiza.
(Sempre Galiza! - wiki-faq AGAL ( : Questões linguísticas – Teoria – Léxico e gramática)
e http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1348859.html:
(Manuel Rodrigues Lapa e a Galiza (2))
mais uma vez: grande obrigado ao esforçado Estrolabio, que nos acompanha no dia a dia da nossa língua, precarizada na Galiza.
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Primeiro de Maio - DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1327110.html
DOMINGO, 1 DE MAIO DE 2011
4 - Primeiro de Maio - DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES
Afonso Duarte (1884-1958)
Elegia do cavador
Quadro de Graça Morais
Deus do céu venha a meu rogo
Que a enxada já mal se ferra:
Grita o sol dardos de fogo
E eu ando farto da terra!
Há nuvens negras a prumo
sobre os meus ombros, ó dor!
São minha carne a pôr fumo,
São bagas do meu suor.
Vejo daqui a subir
Fumeiros da minha casa…
Outros que passam a rir
Custam-me os nervos em brasa.
Serei eu escravo dum crime
que a Deus fizesse algum homem?
De corpo feito num vime,
Minhas lágrimas consomem.
Deu-me Deus a vida cara,
P´rás nuvens se vai meu ganho:
Custam-me os olhos da cara
Donas das terras que amanho.
(Sete Poemas Líricos, 1929)
Cavador ( 1913 ) Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela), escultura de
Augusto da Costa Motta (tio) (1862-1930)
Guerra Junqueiro (1850-1923)
O cavador
Dezembro, noite, canta o galo...
Rouco na treva canta o galo...
– Oh, dor! oh, dor! –
Aldeão não durmas!... Vai chamá-lo,
Miséria negra, vai chamá-lo!...
– Oh, dor! oh, dor! –
Bate-lhe à porta, é teu vassalo,
Que traga a enxada, é teu vassalo,
Miséria negra, o cavador!
O vento ulula... Tremem ninhos...
Na noite aziaga tremem ninhos...
– Oh, dor! oh, dor! –
A neve cai, fria d’arminhos...
Na escuridão, fria d’arminhos...
– Oh, dor! oh, dor! –
Passa maldito nos caminhos,
D’enxada ao ombro nos caminhos,
Fantasma negro, o cavador!
Vem roxa a estrela d'alvorada...
Vem morta a estrela d'alvorada –
– Oh, dor! oh, dor! –
Montanhas nuas sob a geada!...
Hirtas, de bronze, sob a geada!...
– Oh, dor! oh, dor! –
Torvo, inclinado sobre a enxada,
Rasga as montanhas com a enxada,
Fantasma negro, o cavador!
Cavou, cavou desde que é dia...
Cavou, cavou... Bateu meio-dia...
– Oh, dor! oh, dor! –
De pé na encosta erma e bravia,
Triste na encosta erma e bravia,
– Oh, dor! oh, dor! –
Largando a enxada, «Ave-Maria!...»
Reza em silêncio... «Ave-Maria!...»
Fantasma negro, o cavador!
Cavou, cavou na serra agreste,
D'alva à noitinha, em serra agreste...
– Oh, dor! oh, dor! –
E um caldo em prémio tu lhe deste,
Meu Deus!... seis filhos tu lhe deste...
– Oh, dor! oh, dor! –
Batem trindades... «Pai Celeste!...
Bendito sejas, Pai Celeste!...»
Reza, fantasma, o cavador!
Cavou cem montes... que é do trigo?
Gerou seis bocas... que é do trigo?!
– Oh, dor! oh, dor! –
Bateu a Fome ao seu postigo...
Bateu a Morte ao seu postigo...
– Oh, dor! oh, dor! –
«Que a paz de Deus seja comigo!...
Que a paz de Deus seja comigo!...»
Disse, expirando, o cavador!
(Os Simples, 1892)
Luís Cília canta-nos, com música de sua autoria, os versos de Guerra Junqueiro:
DOMINGO, 1 DE MAIO DE 2011
4 - Primeiro de Maio - DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES
Afonso Duarte (1884-1958)
Elegia do cavador
Quadro de Graça Morais
Deus do céu venha a meu rogo
Que a enxada já mal se ferra:
Grita o sol dardos de fogo
E eu ando farto da terra!
Há nuvens negras a prumo
sobre os meus ombros, ó dor!
São minha carne a pôr fumo,
São bagas do meu suor.
Vejo daqui a subir
Fumeiros da minha casa…
Outros que passam a rir
Custam-me os nervos em brasa.
Serei eu escravo dum crime
que a Deus fizesse algum homem?
De corpo feito num vime,
Minhas lágrimas consomem.
Deu-me Deus a vida cara,
P´rás nuvens se vai meu ganho:
Custam-me os olhos da cara
Donas das terras que amanho.
(Sete Poemas Líricos, 1929)
Cavador ( 1913 ) Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela), escultura de
Augusto da Costa Motta (tio) (1862-1930)
Guerra Junqueiro (1850-1923)
O cavador
Dezembro, noite, canta o galo...
Rouco na treva canta o galo...
– Oh, dor! oh, dor! –
Aldeão não durmas!... Vai chamá-lo,
Miséria negra, vai chamá-lo!...
– Oh, dor! oh, dor! –
Bate-lhe à porta, é teu vassalo,
Que traga a enxada, é teu vassalo,
Miséria negra, o cavador!
O vento ulula... Tremem ninhos...
Na noite aziaga tremem ninhos...
– Oh, dor! oh, dor! –
A neve cai, fria d’arminhos...
Na escuridão, fria d’arminhos...
– Oh, dor! oh, dor! –
Passa maldito nos caminhos,
D’enxada ao ombro nos caminhos,
Fantasma negro, o cavador!
Vem roxa a estrela d'alvorada...
Vem morta a estrela d'alvorada –
– Oh, dor! oh, dor! –
Montanhas nuas sob a geada!...
Hirtas, de bronze, sob a geada!...
– Oh, dor! oh, dor! –
Torvo, inclinado sobre a enxada,
Rasga as montanhas com a enxada,
Fantasma negro, o cavador!
Cavou, cavou desde que é dia...
Cavou, cavou... Bateu meio-dia...
– Oh, dor! oh, dor! –
De pé na encosta erma e bravia,
Triste na encosta erma e bravia,
– Oh, dor! oh, dor! –
Largando a enxada, «Ave-Maria!...»
Reza em silêncio... «Ave-Maria!...»
Fantasma negro, o cavador!
Cavou, cavou na serra agreste,
D'alva à noitinha, em serra agreste...
– Oh, dor! oh, dor! –
E um caldo em prémio tu lhe deste,
Meu Deus!... seis filhos tu lhe deste...
– Oh, dor! oh, dor! –
Batem trindades... «Pai Celeste!...
Bendito sejas, Pai Celeste!...»
Reza, fantasma, o cavador!
Cavou cem montes... que é do trigo?
Gerou seis bocas... que é do trigo?!
– Oh, dor! oh, dor! –
Bateu a Fome ao seu postigo...
Bateu a Morte ao seu postigo...
– Oh, dor! oh, dor! –
«Que a paz de Deus seja comigo!...
Que a paz de Deus seja comigo!...»
Disse, expirando, o cavador!
(Os Simples, 1892)
Luís Cília canta-nos, com música de sua autoria, os versos de Guerra Junqueiro:
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1339657.html (com muito material gráfico)
Anos após anos na Galiza, como em Portugal, a miséria e falta de trabalho criaram sucessivas vagas de emigração
“… porque é preferível emigrar para ganhar a vida, do que morrer à fome no torrão nativo…”
(Daniel Castelão, Sempre em Galiza, 1935)
Castelão
Rosalia de Castro (1837 –1885)
Cantar da emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
Cantar de Emigração (por Adriano Correia de Oliveira)
País marcado pela terra e pelo mar, assim também os seus trabalhadores
Manuel Colmeiro, A sega da herba
Manuel Maria (1929-2004)
O labrego
Un labrego tan só é unha cousa
que case non repousa.
Da sementeira a seitura,
pasando pela cava,
a súa vida é moi dura
e moi escrava.
Sempre trafegando,
arando,
sachando,
malhando,
gadanhando,
percurando o gando.
Sempre a olhar pró ceo
com medo e com receo.
Sempre a sementar ilusión
ponhendo na semente o corazón
pra colheitar probeza e mais tristura.
Dilhe ao labrego da beleza
da campía,
da súa fermosura
e poesia.
Dírache que sí,
que a beleza pra tí.
Pró labrego é o trabalho
o andar tocado do caralho,
o pan mouro i o toucinho.
(Múdanse de calzado ou de traxe
cando van de viaxe,
de feira ou de romaxe
e xantan, eses días, pulpo e vinho);
os eidos ciscados, minifundiados
que quér decir atomizados);
o matarse sachar de sol a sol
pra lograr seis patacas
com furacas,
catro grãos de centeo i unha col;
o dobregarse sobor dos sucos
pra pagar gabelas e trabucos;
o vivir entre esterco i animales
en chouzas case inhabitabeles.
I aguantar, aguanta e aguantar,
Agardando morrer pra descansar.
Canto de seitura (Fuxan os Ventos)
Anos após anos na Galiza, como em Portugal, a miséria e falta de trabalho criaram sucessivas vagas de emigração
“… porque é preferível emigrar para ganhar a vida, do que morrer à fome no torrão nativo…”
(Daniel Castelão, Sempre em Galiza, 1935)
Castelão
Rosalia de Castro (1837 –1885)
Cantar da emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
Coração que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará
Cantar de Emigração (por Adriano Correia de Oliveira)
País marcado pela terra e pelo mar, assim também os seus trabalhadores
Manuel Colmeiro, A sega da herba
Manuel Maria (1929-2004)
O labrego
Un labrego tan só é unha cousa
que case non repousa.
Da sementeira a seitura,
pasando pela cava,
a súa vida é moi dura
e moi escrava.
Sempre trafegando,
arando,
sachando,
malhando,
gadanhando,
percurando o gando.
Sempre a olhar pró ceo
com medo e com receo.
Sempre a sementar ilusión
ponhendo na semente o corazón
pra colheitar probeza e mais tristura.
Dilhe ao labrego da beleza
da campía,
da súa fermosura
e poesia.
Dírache que sí,
que a beleza pra tí.
Pró labrego é o trabalho
o andar tocado do caralho,
o pan mouro i o toucinho.
(Múdanse de calzado ou de traxe
cando van de viaxe,
de feira ou de romaxe
e xantan, eses días, pulpo e vinho);
os eidos ciscados, minifundiados
que quér decir atomizados);
o matarse sachar de sol a sol
pra lograr seis patacas
com furacas,
catro grãos de centeo i unha col;
o dobregarse sobor dos sucos
pra pagar gabelas e trabucos;
o vivir entre esterco i animales
en chouzas case inhabitabeles.
I aguantar, aguanta e aguantar,
Agardando morrer pra descansar.
Canto de seitura (Fuxan os Ventos)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Re: Estrolabio
“… porque é preferível emigrar para ganhar a vida, do que morrer à fome no torrão nativo…”
(Daniel Castelão, Sempre em Galiza, 1935)
E alguns insistimos em morrer à fome no torrão nativo, e não damos morrido. Por que será, Daniel? Se afinal tu te foste não foi para comer melhor precisamente...
Isabel- Mensagens : 276
Data de inscrição : 25/12/2010
Re: Estrolabio
continua wiki-faq AGAL: http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1340841.html (tb Manuel Maria)
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
Pondal
http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1379201.html (com vídeo)
"Em Pondal encontra-se igualmente o apreço por Camões e afecto por Portugal, como país irmão e aliado desejado e com quem a Galiza partilha a língua, diferente duma Castela que lhes nega nação e língua:
que além Minho estão,
os bons filhos do Luso,
apartados
irmãos
nossos por um destino
invejoso e fatal.
Com os
robustos acentos,
grandes os chamarás,
verbo do grã
Camões
fala de Breogã!"
"Em Pondal encontra-se igualmente o apreço por Camões e afecto por Portugal, como país irmão e aliado desejado e com quem a Galiza partilha a língua, diferente duma Castela que lhes nega nação e língua:
que além Minho estão,
os bons filhos do Luso,
apartados
irmãos
nossos por um destino
invejoso e fatal.
Com os
robustos acentos,
grandes os chamarás,
verbo do grã
Camões
fala de Breogã!"
cdurão- Mensagens : 302
Data de inscrição : 26/12/2010
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