Wikileaks Brasil - Transparência institucional

Murado fala do “debate sobre a ética de revelar os nomes dos implicados” nos documentos publicados por Wikileaks. Não esclarece se está a pensar na segurança dos informadores ou na das pessoas citadas nos documentos.

Muitas vezes o anonimato das fontes é imprescindível para garantir a integridade dos informantes; porém, o problema que se coloca com a publicação por Wikileaks dos documentos da guerra do Afeganistão atinge à legitimidade da identificação de aqueles que colaboram com as forças internacionais. Amnistia Internacional e outras quatro ONGs que atuam sobre o terreno não fizeram mais que pôr em relevo esta situação, dado que tradicionalmente as leis do jornalismo protegem os informantes e atendem menos à segurança das pessoas de quem se informa.

Nos protestos contra as filtrações não se podem descartar as intoxicações mascaradas de defessa dos direitos humanos, mas creio que não se deveriam ignorar as reclamações de organizações que têm uma larga história de trabalho sobre o terreno, sem que isto constitua uma crítica a Wikileaks. O exemplo mais conhecido é o de Amnistia Internacional, que apoia (e premiou em 2009) o labor de Wikileaks e no entanto pediu-lhe apagar nos documentos relativos à guerra do Afeganistão os nomes dos colaboradores das forças internacionais para evitar a sua execução pelos talibãs.