Linguagem popular galego-portuguesa
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Linguagem popular galego-portuguesa
Ao fazer uma análise da linguagem popular do concelho de Melgaço num de seus opúsculos, Leite de Vasconcellos concluiu que a “fala geral de Melgaço” conservava “um estado muito arcaico da língua portuguesa, o qual é ainda hoje comum ao galego”. O renomado lingüista e filólogo também observou: “Os arcaísmos e galeguismos melgacenses explicam-se por ter Melgaço vivido, até tempos relativamente recentes, em grande afastamento dos principais centros da actividade e cultura portuguesas, e porque, sendo o galego e o português uma mesma língua, e não havendo no Oriente do concelho fronteiras naturais, o trato familiar e quotidiano entre as gentes de cá e as de lá não deixa perder certos caracteres iniciais, e permite transmissão mútua de fenómenos. De facto, existem também em terra galega, embora em área muito circunscrita, fenómenos característicos do português, como os sons ʃ e j ."
Ao entrevistar em 2004 o escritor Victor Domingos, português natural do concelho de Arco de Valdevez, o Jornal Fronteira nota: “O povo rural da Galiza não difere, na fala, do seu vizinho minhoto”. Alguém conhece as semelhanças?
No século passado (ou no fim do século XIX), Leite de Vasconcellos observou alguns dos seguintes fenômenos na fala de um aldeão de S. Jorge, no concelho de Arcos de Valdevez:
Esses fenômenos ocorrem na Galiza rural?
O verbo ser era assim conjugado:
Existem "sondis" e "soum" na Galiza?
Sobre Soajo, vila do concelho de Arcos de Valdevez, Leite de Vasconcellos notou:
Esse fenômeno é apenas português?
MP
Ao entrevistar em 2004 o escritor Victor Domingos, português natural do concelho de Arco de Valdevez, o Jornal Fronteira nota: “O povo rural da Galiza não difere, na fala, do seu vizinho minhoto”. Alguém conhece as semelhanças?
No século passado (ou no fim do século XIX), Leite de Vasconcellos observou alguns dos seguintes fenômenos na fala de um aldeão de S. Jorge, no concelho de Arcos de Valdevez:
póum (=pão), sóum (= são), etc.
àurdeia, áurma, áurto, cáurdo [isto é, aldeia, alma, alto, caldo]
Taméim (= também), béim (=bem), céim (= cem)
Esses fenômenos ocorrem na Galiza rural?
O verbo ser era assim conjugado:
“sôu, és, é, sômos, sôndis, sóum”.
Existem "sondis" e "soum" na Galiza?
Sobre Soajo, vila do concelho de Arcos de Valdevez, Leite de Vasconcellos notou:
“O l muda-se em r em arma (= alma) e armalho (=almalho).”
Esse fenômeno é apenas português?
MP
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Caro Marcelo, na bisbarra “arraiana“ onde eu aprendi o galego, Monterrei, o verbo ser conjuga-se assim: som, eres (castelhanismo), é, somos, sondes, som.
Aqui podes conferir neste linque (engade o www):
.youtube.com/watch?v=2B_5fG5YyGU&feature=related
O “tamém“ acho que é “universal“ galego, ou polo menos dominante. Para conferir nos usos vernaculares galegos, hoje desaparecendo sob o peso do “galenhol“, eu atopei estes vídeos mui interessantes:
.youtube.com/watch?v=sqy2InBifCY
Repara neste comentário a este vídeo:
.youtube.com/watch?v=qAr45Z7KFjw&feature=related
“Na zona de Bragança ( Portugal ) de onde eu sou fala-se igualzinho como falam estas pessoas ! É impressionante as semelhanças ! Chego a pensar que falam portugues com sotaque " espanhol"... Um portugues que veja este video sem nenhuma informação, pode chegar a pensar que são portugueses emigrados em Espanha ...“
Eu acho extremamente importante divulgar as achegas apresentadas nestes vídeos, e não apenas na Galiza, para que a gente possa entender que galego e português são a mesma língua, a pesar de todo ...
Por outra banda, a castelhanização na “prosódia rural“ é também inegável (mas há que viver fora da Hispanofonia para a perceber), como se amostra nesses vídeos, e haveria que remontar-se ao século XIX ou mesmo antes para atopar uma oralidade puramente galega ...
Gascon (fui banido, por isso venho de abrir outra conta, para responder as tuas questoes ... )
Aqui podes conferir neste linque (engade o www):
.youtube.com/watch?v=2B_5fG5YyGU&feature=related
O “tamém“ acho que é “universal“ galego, ou polo menos dominante. Para conferir nos usos vernaculares galegos, hoje desaparecendo sob o peso do “galenhol“, eu atopei estes vídeos mui interessantes:
.youtube.com/watch?v=sqy2InBifCY
Repara neste comentário a este vídeo:
.youtube.com/watch?v=qAr45Z7KFjw&feature=related
“Na zona de Bragança ( Portugal ) de onde eu sou fala-se igualzinho como falam estas pessoas ! É impressionante as semelhanças ! Chego a pensar que falam portugues com sotaque " espanhol"... Um portugues que veja este video sem nenhuma informação, pode chegar a pensar que são portugueses emigrados em Espanha ...“
Eu acho extremamente importante divulgar as achegas apresentadas nestes vídeos, e não apenas na Galiza, para que a gente possa entender que galego e português são a mesma língua, a pesar de todo ...
Por outra banda, a castelhanização na “prosódia rural“ é também inegável (mas há que viver fora da Hispanofonia para a perceber), como se amostra nesses vídeos, e haveria que remontar-se ao século XIX ou mesmo antes para atopar uma oralidade puramente galega ...
Gascon (fui banido, por isso venho de abrir outra conta, para responder as tuas questoes ... )
Gascao- Mensagens : 7
Data de inscrição : 02/08/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Banido?! Eu pensei que este fórum fosse democrático! Parece que isso não acontecia no PGL.
Marcelo
Marcelo
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Gascon,
Como eu não tenho tempo agora para ver os vídeos, eu deixo apenas duas perguntas:
1ª) Existe na Galiza ditongação de "en/em" em "ein/"eim", como na pronúncia interamnense e paulistana?
2ª) Num (= não) -- tão típico do Minho, de Douro e do Brasi -- também existe na Galiza?
Obrigado,
Marcelo
Como eu não tenho tempo agora para ver os vídeos, eu deixo apenas duas perguntas:
1ª) Existe na Galiza ditongação de "en/em" em "ein/"eim", como na pronúncia interamnense e paulistana?
2ª) Num (= não) -- tão típico do Minho, de Douro e do Brasi -- também existe na Galiza?
Obrigado,
Marcelo
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Marcelo, as duas últimas questões poderá respondê-las com mais sabedoria o Nambuongo. E não percas esses youtubes do “ben falado - galeguia“, hás-aprender muito sobre o galego aí, muito muito mais do que eu sei ...
Gascao- Mensagens : 7
Data de inscrição : 02/08/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Parece que o Nambu não quer participar. Aliás, nenhum "lusista".
MP
MP
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Os lusistas já não vêm por aqui por causa minha, Marcelo. Não é algo para estar orgulhoso, mas a minha beligerância contra certas atitudes e certos artigos de fé do “fundamentalismo lusista“ resulta-lhes mui mui incómoda. Mesmo eu sendo um troll ou um imaduro (ou um imbecil, mesmo) deveriam ir tirando certas lições positivas. O Nambu já deveu aprender o doado que é passar do lado do reprimido ao do repressor, velaí uma lição mui mui humana. E os demais lusistas, que sempre criticam o isolacionismo, deveriam ir aprendendo nas carnes próprias o fácil que é tornar-se no que mais se odeia ... agora são eles os que calam e ocultam ...
Gascao- Mensagens : 7
Data de inscrição : 02/08/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Gascon,
Eu sinto muito e repudio a censura! Se você preferir, nós podemos continuar as nossas discussões num outro fórum. Basta você me indicar um.
Marcelo
Eu sinto muito e repudio a censura! Se você preferir, nós podemos continuar as nossas discussões num outro fórum. Basta você me indicar um.
Marcelo
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
Re: Linguagem popular galego-portuguesa
Eu perguntei se num (= não), tão típico do Norte de Portugal e do Brasi, também existe na Galiza.
Ao ler Leite de Vasconcellos ontem à noite, eu encontrei nun (= não) em dois versos de um romance popular galego:
Em também em algumas cantigas populares, colhidas e transcritas pelo renomado português:
Ao ler Leite de Vasconcellos ontem à noite, eu encontrei nun (= não) em dois versos de um romance popular galego:
(...) / E eu nun ll’a quíxen* dar. / (...) / “No meu palacio nun hai!”/(...)
*Estava escrito "quíxn".
Em também em algumas cantigas populares, colhidas e transcritas pelo renomado português:
Nunca fun a romería,/ Que nun cantase e bailase, / Senon á Virxen do Monte... / Nun túben quen m’axudase!
Unha noite no moiño, / Öutra na pedra do lar: / Êsta bida, queridiña,/ Eu nun ch’a pódo luvar.
A’ do refaixo amarelo,/ Se t’encontro no camiño, /Nun ch’ha-de valer “nun quero”!
Observação: O n em nun, segundo Leite de Vasconcellos, “não soa, e apenas dá som nasal à vogal anterior, nesta como nas outras palavras: pròpriamente nũ, etc.”
Marcelo Pereira- Mensagens : 36
Data de inscrição : 25/07/2011
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